De acordo com projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos no Brasil aumentará progressivamente nas próximas décadas e chegará a mais de 30 milhões em 2020.
Essa transição demográfica implica mudanças importantes no modo como a sociedade é gerida e pensada. Cada vez mais, faz-se necessário direcionar novas políticas públicas a este segmento populacional, principalmente no que diz respeito aos serviços de saúde. Mas será que a sociedade brasileira e seus gestores políticos estão preparados para as mudanças que o envelhecimento populacional acarreta?
No que se refere à estrutura dos serviços de saúde destinados à terceira idade, o quadro é desalentador. Em se tratando especificamente de saúde bucal, a situação se complica ainda mais. Poucas são as políticas públicas de saúde bucal centradas na terceira idade e, mesmo dentro da Odontologia, pouquíssimos são os profissionais interessados em atuar junto a este segmento.
A Odontogeriatria é uma área da Odontologia responsável pelo cuidado com a saúde bucal da população idosa e pela promoção do envelhecimento saudável desse segmento através de procedimentos preventivos e curativos. É uma especialidade importante, uma vez que o cirurgião-dentista precisa estar atento às limitações naturais e às particularidades apresentadas pelo organismo do idoso advindas com o envelhecimento.
“A população de forma geral não está preparada para o envelhecimento e também desconhece a existência da Odontogeriatria. A população idosa necessita de atendimento diferenciado e multidisciplinar, e a Odontogeriatria veio para tentar melhorar a qualidade de vida dos idosos”, afirma Marco Polo Siebra, cirurgião-dentista especialista em Odontogeriatria e presidente da Comissão dos Direitos do Idoso do CRO MS.
Odontogeriatria:a Odontologia do futuro?
Ainda assim, esta especialidade odontológica adquire maior importância à medida que o número de idosos no país cresce a um ritmo anual de quase 1,5%. Com a expectativa de vida média do brasileiro atingindo a casa dos 80 anos, maior será a demanda por serviços odontológicos especializados capazes de atender este segmento populacional.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, divulgada em dezembro do ano passado pelo Ministério da Saúde, revelam que mais de sete milhões de brasileiros na faixa entre 60 e 74 anos precisam de próteses dentárias totais. E, no entanto, embora seja de maior incidência, a perda de dentes não é o único problema bucal que atinge essa população. Segundo estudiosos, outros graves problemas afligem a terceira idade, como doenças periodontais, cáries generalizadas e próteses mal-adaptadas.
De acordo com Siebra, “o principal problema encontrado é a deficiência na função mastigatória devido à perda de dentes e a instalações de próteses mal-adaptadas”. Ele exemplifica como tais problemas podem comprometer, inclusive, a integralidade da saúde de um idoso. “Imagine um idoso que utiliza dentadura e não consegue mastigar alimentos balanceados. Sua resistência diminuirá e isso comprometerá seu sistema imunológico, fazendo com que ele fique dependente de medicamentos para suprir deficiências vitamínicas.”
Nesse sentido, o atendimento odontológico nesta faixa etária deve ser diferenciado, uma vez que o cirurgião-dentista precisa estar atento às mudanças físicas que advêm do envelhecimento.
“Para atender um idoso, precisamos de profissionais muito bem capacitados em Odontogeriatria. As manifestações das patologias que atingem os idosos são diferentes, e, sendo assim, os atendimentos também precisam ser diferentes e multidisciplinares. Na verdade, o odontogeriatra proporciona a melhora na qualidade de vida do idoso através da reabilitação do órgão a terceira idade da boca”, destaca Siebra.
Conforme complementa Montenegro, “a cada dia mais, fica comprovada a interrelação entre problemas odontológicos com a saúde geral dos idosos. O envolvimento da condição bucal no controle da diabetes, da hipertensão, da pneumonia e de problemas cardíacos é cada dia mais claro na literatura científica. Daí a importância de o cirurgião-dentista dominar corretamente como tratar, e especialmente prevenir, problemas bucais nesta faixa etária.”
Jornal do CFO Nº 98 · Jan-Fev-Mar de 2011
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