Tratamentos para reverter cáries, restaurações cada vez mais perfeitas e resistentes, aparelhos corretivos invisíveis – a odontologia reúne novidades para todos rirem à vontade.
Para muito brasileiros parece difícil escancarar um belo sorriso. Além de faltarem boas notícias nos jornais, faltam dentes literalmente. Convivemos com 25 milhões de banguelas, que fazem do Brasil o terceiro país mais desdentado do planeta, perdendo apenas para a Etiópia e para a Índia.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, aos 12 anos uma criança deveria ter, no máximo, três dentes cariados. “Aqui, nessa idade, a média é 6,3 cáries”, revela o dentista José Roberto de Magalhães Bastos, sem parar de agitar-se na cadeira, inconformado com as estatísticas que conhecer de cor. Ele consome a maior parte do tempo desenvolvendo programas de prevenção na conceituada Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), no interior paulista, considerada a melhor da América Latina em sua área. Ali, realizam-se alguns dos estudos que terminam enriquecendo os consultórios dentários com fantásticos recursos, capazes de assegurar sorrisos reluzentes.
Computadores usados pela Engenharia Naval, resinas criadas em pesquisas espaciais, ligas metálicas ultrarresistntes desenvolvidas em avançados laboratórios de Química: a Odontologia vem incorporando tudo o que ajude a obter restaurações mais duradouras. Sem contar as novas técnicas para esconder manchas e falhas de formato.
Nesse sentido, há razões de sobra para sorrir. “O melhor, porém, seria as pessoas dispensarem muitas dessas novidades, evitando a cárie”, insiste Bastos, que também leciona na Universidade de Lisboa, em Portugal – país cuja média de cáries por criança se aproxima daquela idealizada pela OMS. No início deste ano, Bastos e sua equipe em Bauru começaram a acompanhar 450 alunos de uma escola local, com a intenção de não deixá-los ultrapassar o limite de três cáries até apagarem doze velinhas. O programa irá durar mais de três anos. “Queremos testar uma estratégia de combate, que não engloba apenas exames periódicos e aplicações de flúor”, diz o dentista, com o sotaque carioca que aprendeu em Niterói, sua cidade natal. “Além de ensinar a escovação correta, é preciso orientar a dieta.”
Toda a atenção, no caso, é voltada para os carboidratos, o grupo dos nutrientes em que estão as massas e os doces. Há muito tempo se sabe que é preciso vigiar seu consumo: no final do século XVIII, por exemplo, a imperatriz da França, Josefina de Beauharnais, mulher de Napoleão Bonaparte, colocava a mão na frente da boca, quando pretendia sorrir. Não era charme, mas uma maneira de esconder os dentes corroídos. Nativa de Martinica, colônia francesa no Caribe onde se produziam montanhas de açúcar, a moça se acostumou a deglutir muito doce – e essa predileção condenou-a a sempre disfarçar o sorriso.
“O açúcar alimenta as bactérias Streptococcus mutans existentes na boca e as sobras desse banquete são substâncias ácidas, capazes de destruir os dentes”, justifica o dentista paulista Arnaldo Azevedo Neto. Didático, ele rabisca o desenho de prismas, cujo formato lembra raquetes de tênis encaixadas entre si. “Essa seria a superfície do dente”, descreve. “Com o banho de ácidos, ela perde moléculas de minerais. Então, é como se os prismas se afastassem uns dos outros. As cáries são justamente essas brechas.”
Fonte: Super Interessante
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