Dizem que o sorriso é o cartão de visitas de uma pessoa. Exibir dentes bem cuidados e hálito saudável causa boa impressão e pode ser decisivo em uma entrevista de emprego ou no início de um relacionamento.
Opções de tratamentos estéticos não faltam para garantir um sorriso marcante e encantador: correção das disfunções dento-faciais com aparelhos e diferentes técnicas de clareamento são algumas das alternativas mais procuradas. Todos são procedimentos muito eficientes, mas demandam um investimento financeiro que pode ser evitado com a prevenção.
A preocupação com a formação das arcadas dentárias deve iniciar na infância. Segundo a odontopediatra Lisa Scheidt, alguns hábitos geralmente desenvolvidos pelas crianças podem interferir no crescimento da face e na disposição dos dentes. A mania de chupar o dedo, o uso da chupeta e da mamadeira, o costume de roer unha e, inclusive, mamar no peito após dois anos de idade pode ser nocivo para a saúde bucal.
“Os danos mais comuns são a projeção dos dentes superiores e anteriores para frente, dificuldade para a articulação das palavras, risco à fratura dos dentes anteriores, mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior, diminuição da largura do palato, alteração na deglutição e na tonicidade ma musculatura da face”, explica Lisa. A severidade das conseqüências depende da duração, freqüência, intensidade e idade do término do hábito, além dos padrões de crescimento da criança.
PREVENÇÃO
Embora o limite máximo para a remoção desses costumes seja aos quatro anos de idade, o ideal é incentivar o desapego da chupeta, da mamadeira e de outras manias prejudiciais ainda no primeiro ano de vida. Após o início da mastigação sólida, do uso da colher e do contato direto do alimento com a gengiva, a tarefa começa a ficar mais difícil.

Lisa sugere motivar e elogiar a criança na medida em que ela for abandonando o hábito. “Os pais podem restringir o uso da chupeta aos momentos de maior ansiedade e removê-la quando a criança estiver mais calma. Não se deve deixar a chupeta ao lado da criança e nem presa na roupa. O acesso deve ser difícil, para que ela desista de pegar. Os pais podem também trocar a chupeta por uma atividade saudável que o filho goste. Na hora de dormir, quando geralmente os hábitos de sucção são mais requeridos, sugiro contar uma história, fazer carinho, tocar uma música calma e fazer desta hora uma preparação para o sono, com a diminuição da intensidade da luz. Quanto mais agitada a criança estiver, mais vai querer o bico para se acalmar.”
Longe do “bicho da cárie”
Seguindo à risca as recomendações da odontopediatra, Jéssica* conseguiu fazer com que o filho Eduardo*, hoje com quatro anos, crescesse longe da chupeta. O bico chegou a fazer parte do enxoval da criança e já foi um dos artifícios utilizados na tentativa de acalmar o filho para dormir. Porém sem sucesso. “A tão fantástica chupeta não fez milagre e a solução do problema foi dar-lhe o peito. O que ele queria era estar perto da mãe, sentir-se acolhido, protegido”, conta.
Depois disso, Jéssica adotou a rotina de diminuir a intensidade das luzes do quarto, pegar o filho no colo e conversar com ele antes de dormir. Para complementar os incentivos às práticas saudáveis de higiene bucal no filho, ela introduziu a escovação na rotina da criança logo nos seis meses de idade, quando apareceram os primeiros dentinhos. “Uma tática interessante é presenteá-lo com as escovas mais diferentes, bonitas e originais para passar a idéia de que escovar os dentes é uma coisa legal e divertida”, sugere. Hoje, Eduardo faz questão de escovar os dentes sozinho “para o bichinho da cárie não vir”. Para não desestimular sua iniciativa, Jéssica revisa a escovação e reforça a limpeza nos cantos da boca mais difíceis de alcançar.
*Nomes fictícios
Tratamento
O comprometimento no formato das arcadas, mau posicionamento dentário, má oclusão, alteração da tonicidade na musculatura da face, dificuldade de respiração, de fala e de deglutição são indícios que sinalizam a necessidade de um tratamento. Lisa observa que, muitas vezes, é preciso um trabalho multidisciplinar, com odontopediatra, ortodontista, otorrinolaringologista, cirurgião buco-maxilo-facial, fonoaudiólogo e até fisioterapeuta. “Assim como a posição dos dentes pode ser corrigida pelo aparelho, há casos em que se torna necessária uma cirurgia ortognática e um tratamento médico. A intervenção de outros profissionais e o trabalho em equipe favorece os resultados finais”, diz Lisa.
Fonte: Gazeta do Sul Clipping do Dia: 14/02/2011