Cientistas brasileiros e britânicos querem usar a polpa dos dentes de leite para remendar a dentição danificada ou até recriá-la. 19.08.2010
Cientistas brasileiros da USP e britânicos do Kings College estão a realizar estudos para avaliar o uso da polpa dos dentes de leite para remendar a dentição danificada ou até recriá-la.
A universidade paulista deve criar, em 2011, um laboratório de células-mãe dentárias na sua Faculdade de Odontologia. A obra custará cerca de R$ 200 mil e deve ficar pronta em meados de 2011. Parte dos equipamentos será financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O laboratório deve abrigar, no futuro, um banco de células-mãe dentárias. Será o primeiro do Brasil e fornecerá células que poderão ser usadas por profissionais de saúde e por pesquisadores.
ÉTICA
A primeira vantagem de usar células-mãe de dentes de leite para pesquisa é o fácil acesso. Os humanos têm 20 dentes de leite na infância, que caem naturalmente. Também não há, em relação às células, os grandes debates éticos que cercam as versáteis, embora polêmicas, células-mãe embrionárias.
"Além disso, as células dos dentes de leite parecem crescer mais depressa que as dos dentes permanentes e podem diferenciarem-se [especializarem-se] em células formadoras de dentes, neurônios, gordura e até outros tecidos do corpo", afirma Andrea Mantesso, dentista da USP e do Kings College que coordena o projeto.
A instalação servirá também para treinar pesquisadores no cultivo, preservação e caracterização de células-mãe dentárias.
Mantesso já está envolvida na formação de cientistas nesta área na USP e no Kings College, de Londres. As instituições hoje realizam cinco projetos em células-mãe dentárias em parceria. "No próximo ano, começaremos a enviar alunos da USP para Londres. A nossa intenção é estreitar laços", diz.
Os trabalhos realizados em conjunto vão desde os transplantes de tecido embrionário - que dá origem à mandíbula - até ao estudo de genes relacionados com células-mãe dentárias.
Para a especialista, ainda é cedo para se falar em prazos, mas há quem acredite que dentro de 15 anos a técnica já estará disponível. "A pesquisa nesta área está a disseminar-se, e um maior número de pesquisadores envolvidos pode trazer respostas mais rápidas", conclui.
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